11 - Ponta do Trovão

Município de Peniche

Como chegar: 39°22'14.51"N 9°23'6.56"W

Sabia que este é um lugar geológico único no mundo e que aqui havia uma ermida?

 

GEOLOGIA

O tempo geológico está dividido em Eras, Períodos e Andares, com base em acontecimentos importantes no planeta. Um desses acontecimentos, marca a transição entre o Andar Pliensbaquiano e o Andar Toarciano, há exatamente 182,7 milhões de anos.  E esse momento está aqui registado, na Ponta do Trovão.

Especialistas de todo o mundo consideraram que aqui se observa o melhor registo deste limite temporal. Em 2014, a União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS) certificou a importância deste local, marcado pela colocação de um “Prego Dourado”.     

As rochas por baixo do “Prego Dourado” são mais antigas, compactas e calcárias, com abundantes fósseis de belemnites, um animal extinto no final do Cretácico (tal como os dinossauros) e parecido com os atuais chocos.  Acima dessa marca, as rochas são mais recentes, mais argilosas e contêm pequenos fósseis de amonites (animal também já extinto e parente das lulas, polvos e chocos atuais) e de pequenos braquiópodes (parecidos com os bivalves, que vivem fixos ao fundo). 

 

BIOLOGIA 

No trajecto entre a estrada e o local onde está o “Prego Dourado”, podemos ver alguma vegetação rasteira resistente aos ventos marítimos. Neste local estão registadas ocorrências de Espargueira-Mediterrânica (Asparagus aphyllus), Campana-da-praia (Limbarda cripthmoides), Limónio-de-São-Vicente (Limonium nydeggeri) e de cenoura-brava (Daucus carota). No entanto, para além desta flora autóctone, existem      grandes áreas de uma espécie invasora muito comum nas zonas costeiras portuguesas, o chorão (Carpobrotus edulis). Esta espécie vegetal, originária da África do Sul, rapidamente forma vastos tapetes densos, competindo por nutrientes, água, luz e espaço, eliminando o habitat de espécies locais e diminuindo a biodiversidade

 

CULTURA

Neste local, é possível observar as ruínas da Ermida de Nossa Senhora do Abalo, uma pequena capela do séc. XVI. Embora não haja registos escritos, crê-se que esta ermida tenha sido construída para proteger uma rica escultura flamenga de madeira, que teria dado à costa na sequência de um naufrágio. Esse retábulo representa o Cristo crucificado e sua Mãe, cujo rosto espelha o enorme abalo que sofreu. Pela sua posição próxima do mar, a ermida entrou em ruína no séc. XVIII, sendo abandonada na sequência da abolição das Ordens Religiosas em 1834. Muito próximo deste lugar, o Convento do Bom Jesus acolheu esse retábulo único no país e que hoje se encontra exposto na Galeria de Arte Sacra da Santa Casa da Misericórdia de Peniche. 

 

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