12 - Cabo Carvoeiro

Município de Peniche

Como chegar: 39°21'34.93"N9°24'31.01"W

Sabia que as Berlengas são muito antigas e que na última glaciação podia-se ir até lá a pé?

 

GEOLOGIA 

As ilhas do Arquipélago das Berlengas são constituídas por rochas metamórficas, com 300 a 480 milhões de anos. Nos diferentes ilhéus predominam granitos rosados ou gneisses, relíquias de um antigo relevo continental que existiu ao largo da Península Ibérica. Este relevo formou-se quando a nossa península começou a separar-se do continente norte-americano, no Jurássico.

Esta separação dos continentes possibilitou a entrada de mar e a formação dos calcários que hoje vemos no Cabo Carvoeiro. Com cerca de 175 milhões de anos (Jurássico Inferior), estes contêm fósseis de animais que viveram em mares tropicais costeiros, como corais, bivalves, gastrópodes e ouriços-do-mar. Destacam-se os abundantes fósseis de Pentacrinus penichensis, um crinóide (lírio-do-mar) constituído por pequenas peças em forma de estrela de cinco pontas, aqui descoberto pela primeira vez em todo o mundo, no século XIX.

Muito mais recentemente, durante a última glaciação, há cerca de 20.000 anos, o nível médio do mar esteve cerca de 140 metros abaixo do nível atual. A linha de costa não teria o aspecto que tem hoje, estando então a cerca de 20 km para Oeste de Peniche. Com a profundidade atual da água do mar entre Peniche e as Berlengas inferior 50 metros, isso significa que os nossos antepassados que se abrigaram na Gruta da Furninha poderiam ir facilmente a pé até às Berlengas. 

 

BIOLOGIA 

Olhando para o mar, avistamos a famosa “Nau dos Corvos”, um rochedo icónico que deve o seu nome à semelhança com uma nau de as velas viradas ao mar. Também é frequente a presença de corvos-marinhos, negros e de bico amarelado (Phalacrocorax carbo) no seu topo. Para além destes, é possível observar outras aves características de zonas costeiras, tais como a Gaivota-de-Cabeça-Preta (Ichthyaetus melanocephalus), a Galheta (Phalacrocorax aristotelis), o Alcatraz (Morus bassanus) ou o Moleiro-Pequeno (Stercorarius parasiticus). 

 

CULTURA 

A Este deste local, a Gruta da Furninha é uma cavidade calcária natural, que durante a Pré-História (do Paleolítico Médio ao final do Calcolítico) foi utilizada como abrigo e necrópole. Foi descoberta em 1880 pelo geólogo Nery Delgado e corresponde à mais importante estação arqueológica do Concelho de Peniche. No seu interior, foram encontradas ossadas de hominídeos (neanderthalensis e sapiens), ossos de diversos animais (incluindo ursos, leopardos, lobos, veados, focas, hienas, rinocerontes, tartarugas, aves e peixes), utensílios de pedra e em osso, bem como várias peças de cerâmica neolítica (incluindo os célebres vasos de suspensão). O espólio aí encontrado pode ser visitado no Museu Geológico de Lisboa e no Museu Municipal de Peniche. 

 

Miradouro dos Remédios

Como chegar: 39.365901, -9.404368

Sabia que as Berlengas são muito antigas e que na última glaciação podia-se ir até lá a pé?

 

GEOLOGIA

Deste miradouro até ao Cabo Carvoeiro formou-se um “campo de lapiás” (área de calcários moldados pela chuva) único no país, pela sua proximidade ao mar e espetacularidade de formas.

Estes calcários formaram-se num mar tropical, há cerca de 175 milhões de anos (Jurássico Inferior). As forças do interior da Terra levantaram estas rochas e expuseram-nas aos agentes atmosféricos. A água da chuva, por ser ligeiramente ácida, foi lentamente dissolvendo esses calcários (“carsificação”) e esculpindo formas que lembram animais, cogumelos ou outras que a imaginação consiga decifrar.

 

BIOLOGIA

Aqui existem pequenas acumulações de terra alaranjada, a “terra rossa”, originada pela dissolução dos calcários. Por ser um solo pobre e exposto aos ventos costeiros com sal, é pouco favorável ao desenvolvimento de vegetação. Aí habitam algumas plantas rasteiras, como a Diabelha (Plantago coronopus), o Limónio (Limonium laxiusculum) e pequenas plantas com flores amarelas (Leontodon saxatilis auto e Calendula suffruticosa auto) ou lilases (Spergularia rupicola e S. marina auto).

 

CULTURA

Segundo a lenda, próximo deste lugar foi encontrada numa gruta uma imagem da Virgem Maria com o Menino ao colo, escondida dos árabes pelos cristãos no século XII.

As constantes peregrinações a este local levaram à construção de uma pequena ermida e sobre ela a atual Capela de Nossa Senhora dos Remédios (séc. XVI), onde a imagem ainda se encontra. Mais tarde edificou-se o atual Santuário de culto mariano, o mais ocidental do continente europeu, cuja romaria anual decorre no 3º domingo de outubro.

 

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