41 - Praia Azul

Município de Torres Vedras

Como chegar: 39°06'59.2"N 9°23'33.0"W

Sabia que o vento sopra e a dunas crescem? 

 

GEOLOGIA 

Na parte Sul da Praia Azul podemos ver um grande campo dunar. Nas últimas centenas a milhares de anos, o Rio Sizandro tem vindo a perder caudal de água e, por isso, tem assoreado. Por outro lado, as ondas do Atlântico têm deixado grandes quantidades de areia na praia, que depois são empurradas para o interior, pelo vento forte de Norte. Foi a conjugação destes três fatores que formou o grande campo dunar que hoje vemos. Mais recentemente, as dunas têm sido cobertas por vegetação rasteira, a qual impede que as areias continuem a mover-se para o interior e, por isso, deve ser preservada.

Na parte Norte da Praia Azul, as rochas têm cerca de 150 milhões de anos (Jurássico Superior), tendo sido formadas numa zona estuarina. Ao olhar para elas, podemos encontrar alguns fósseis, como é o caso de grandes aglomerações de conchas de Isognomon. Estes organismos, já extintos, eram grande bivalves que viviam em ambientes salobros.

A erosão natural destas camadas rochosas tem também permitido a descoberta de vestígios de dinossauros, como ossos e pegadas. Em 2015 foram aqui encontrados e escavados vários ossos de um grande saurópode, um dinossauro herbívoro, de pescoço e cauda compridos.

 

BIOLOGIA

Nas zonas dunares, a água existente no solo é mais reduzida e a vegetação tende a ser menor, do que nas zonas húmidas. Aqui pode ver a Madorneira (Artemisia campestris ssp. maritima), a Granza-da-Praia (Crucianella maritima) e o Narciso-das-Areias (Pancratium maritimum), todas espécies portuguesas. Poderá ainda ouvir a música do Grilo-Comum (Gryllus campestris) ou ver o Ratinho-Do-Campo (Apodemus sylvaticus), à procura de alimento.

As arribas da Praia Azul estão parcialmente cobertas por vegetação rasteira, onde pode identificar a Erva-Divina (Armeria welwitschii), típica de zonas rochosas junto ao mar, e o Funcho-Marítimo (Crithmum maritimum). Ambas são espécies endémicas em Portugal. Entre as folhas das plantas rasteiras, é comum observar várias espécies de insectos que aqui habitam, como é o caso do Chlorophorus trifasciatus e da Eurydema herbacea.

 

CULTURA 

Na margem direita do Rio Sizandro, por entre as dunas, são visíveis as ruínas da Quinta da Areia. Segundo a lenda, há muitos anos atrás, o mar invadiu a terra até esta quinta, arrastando duas sereias, mãe e filha. Com medo, os trabalhadores da quinta queimaram a filha, pelo que a mãe, desgostosa, amaldiçoou a quinta até à 5ª geração. Daí em diante, a quinta deixou de ser produtiva e os donos acabaram por vendê-la. A invasão do mar, referida nesta lenda, poderá ter sido o tsunami do sismo de 1755.

Na maré baixa, é comum ver-se pescadores andando por entre as rochas que ficam a descoberto. O seu objetivo é capturar polvos, navalheiras e lapas, de um modo artesanal. Este é um território onde a pesca sempre foi uma atividade importante, pois é o sustento de muitas famílias. A pesca artesanal era um meio barato de as famílias que viviam junto ao litoral terem algum rendimento extra, ou uma maneira de complementarem a sua alimentação com aquilo que conseguiam apanhar.

 

Outros locais de interesse.